Finados

As histórias de quem lida diariamente com a morte em Santa Maria

Suellen Venturini

Neste Dia de Finados, milhares de pessoas vão até os cemitérios de Santa Maria para visitar os seus entes queridos sepultados. Para receber os visitantes, a prefeitura de Santa Maria fez uma força-tarefa para os locais ficarem mais limpos e alterou alguns horários de ônibus para melhorar o acesso aos locais. Entretanto, o cenário de hoje é bem diferente dos outros dias, conforme trabalhadores dos cemitérios da cidade.

Valmir Cabreira, 53 anos, trabalha há 13 com sepultamentos e exumações nos cemitérios administrados pelo município.

– Quando eu comecei a trabalhar aqui, já foi nessa função – contou, enquanto andava pelo Cemitério Ecumênico Municipal, no Bairro Patronato.

Cabreira, como os colegas o chamam, diz que está acostumado com as cenas tristes que tem visto ao longo dos anos e que aprendeu a lidar com a morte.

– O que mais me marcou, até agora, foi quando uma menina tentou me impedir quando eu ia retirar o corpo do pai dela – disse, lembrando das inúmeras histórias guardadas na memória.

Gerson da Silva, 53, que trabalha na administração do Ecumênico, disse que, apesar de difícil, o trabalho em cemitérios também envolve muita parceria:

– A gente acaba sendo colega de outras pessoas que trabalham com a mesma coisa e acaba se acostumando.

Para a psicóloga Carine da Silva Veira, a rotina nesse serviço, de fato, pode diminuir a intensidade de desconforto.

– Como se torna rotineiro, acaba se tornando uma coisa comum, pois a pessoa não tem uma ligação emocional com o que está acontecendo – avaliou.

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MUDANÇAS

Santa Maria - RS - BRASIL - 30/10/2017 Cemitério Ecumênico, São JoséCASE: Sr. José Aquiles Medeiros, 63
Foto: Lucas Amorelli / New CO DSM

Para o feriado de Finados, algumas alterações foram feitas nos cemitérios em Santa Maria. Foram limpezas e reparos nos cemitérios de administração pública e privada. Apesar das mudanças evidentes, ainda há muito a ser transformado nesses locais. Já para quem trabalha – voluntariamente ou profissionalmente –, os cemitérios têm melhorado.

Essa é a opinião de José Aquiles Medeiros, 63 anos, que trabalha com serviços gerais no cemitério São José e no Santa Rita de Cássia, no Bairro São José. Os cemitérios eram administrados pela prefeitura, mas, agora, os serviços são prioritariamente feitos por funcionários da empresa L. Formolo, de Caxias do Sul.

– Vai ficar bom, porque, antes, tinha muito roubo, muito assalto. Até as argolas dos jazigos levavam – comentou Medeiros.

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Por outro lado, ele teme que, com o negócio, uma parcela considerável do seu orçamento familiar seja afetado, já que ele, o filho e o sogro trabalham com a confecção de lápides e serviços de jardinagem.

– O meu sogro trabalha com isso há 36 anos – declarou.

Para Medeiros, lidar com pessoas mortas é como outro trabalho qualquer:

– Eu não me incomodo com isso, tenho minha religião.

Mateus Formolo, um dos diretores da G. Formolo, ressaltou que o edital e o contrato com a prefeitura determinam exclusividade da concessionária para qualquer serviço dentro dos cemitérios Parque Jardim Santa Rita de Cássia e São José.

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